Os restos do órgão da catedral de Nantes após o incêndio. Fotografia: Fanny Andre / AFP / Getty

Um homem de 39 anos acusado de incêndio criminoso na sequência de um incêndio que destruiu um órgão datado de 1621

Um assistente voluntário da igreja confessou ter ateado um incêndio que danificou gravemente uma catedral gótica de Nantes, declarou o seu advogado.

O homem de 39 anos, um requerente de asilo do Ruanda que vive em França há vários anos, foi detido no sábado depois de análises laboratoriais terem determinado que o incêndio criminoso era a causa provável do fogo, declarou o gabinete do procurador local.

«O meu cliente cooperou», declarou domingo o advogado do homem, Quentin Chabert, ao jornal Presse-Océan, sem especificar os motivos da tentativa de incendiar a catedral de Saint-Pierre e Saint-Paul.

«Ele lamenta profundamente os seus atos… O meu cliente está consumido pelo remorso», declarou Chabert.

Os procuradores abriram uma investigação sobre os incêndios criminosos em a sequência de incêndio da manhã de 18 de julho , depois de se constatar que tinha deflagrado em três locais diferentes da igreja, que o voluntário tinha trancado na noite anterior.

Ele foi interrogado no dia seguinte, depois libertado sem acusação, o reitor da catedral dizendo: «Confio nele como confio em todos os assistentes.»

Mas o procurador de Nantes, Pierre Sennes, declarou sábado num comunicado que o homem foi acusado de «destruição e dano por fogo», e enfrenta até 10 anos de prisão e 150 000 € (136 000 £) de multa.

"Ele admitiu na sua primeira aparição para interrogatório perante o juiz de instrução que tinha ateado três fogos na catedral: no órgão principal, no órgão menor e no painel elétrico", declarou Sennes.

O incêndio ocorreu 15 meses após um incêndio devastador na catedral Notre- Senhora de Paris , que levantou questões sobre os riscos para a segurança de outras igrejas históricas por toda a França.

Enquanto os bombeiros conseguiram conter o incêndio em Nantes após apenas duas horas e salvar a sua estrutura principal, o órgão, que datava de 1621 e tinha sobrevivido à Revolução Francesa e à Segunda Guerra Mundial, foi destruído.

Objetos e pinturas inestimáveis também foram perdidos, incluindo uma obra do artista do século XIX Jean-Hippolyte Flandrin e vitrais contendo restos de vidro do século XVI.

As obras da catedral começaram em 1434 e continuaram até 1891. Foi danificada por um incêndio em 1972, após o qual foram adicionadas armações de betão durante a reparação do telhado.

O governo francês declarou que asseguraria a restauração da catedral. Philippe Charron, o chefe da agência regional do património da DRAC, afirmou que muito poucos, ou mesmo nenhum, dos elementos do órgão principal poderiam ser salvos.

«Vai demorar várias semanas a garantir a segurança do local… e vários meses de inspeções que serão feitas pedra por pedra», declarou. Ele acrescentou que a reconstrução levaria vários anos.